Ir ao supermercado e poder colocar a carne de boi no carrinho de compras é para poucos. Com aumento nos preços, esse item da lista de supermercado virou artigo de luxo para muitos capixabas. Na busca por um substituto, o consumidor tem escolhido o frango e a carne suína. A notícia, no entanto, não é boa: o preço desses itens também subiu, e deve seguir em alta pelos próximos meses.
De acordo com o diretor-executivo das Associações de Avicultores e de Suinocultores do Espírito Santo (Aves e Ases), Nelio Handi, para além da alta no preço da carne, o aumento no custo dos insumos também tem contribuído para a alta no preço do frango e da carne de boi. E a tendência é que o preço do ovo também comece a subir.
“Um dos fatores é a questão da carne bovina. Mas o custo dos insumos vem se elevando muito nos últimos tempos também. Milho e soja são quase 70% do custo de produção das proteínas. O milho, que no início do ano custava R$ 42, agora chega a R$ 56 na granja. Subiu em torno de 30% do inicio do ano para cá, e isso também em função do aumento das exportações dos próprios insumos para outros países. Houve um aumento no custo da produção. Não só a carne suína e o frango devem seguir em alta, como daqui a pouco o ovo também vai começar a subir de preço”, explica.
Desde setembro, o produtor rural tem percebido um aumento no valor dos insumos. A consequência disso é o aumento do preço do frango e do suíno abatido na hora de vender para a indústria. Como o supermercado paga mais caro pelo produto, inevitavelmente o aumento é repassado também para o consumidor.
Nos últimos meses, o quilo do frango abatido (inteiro resfriado) passou de R$ 5,15, em outubro, para R$ 5,75 nesta quarta-feira (4). Enquanto isso, o quilo do suíno abatido (carcaça completa) foi de R$ 8,08, em outubro, para R$ 9,34 nesta segunda.
Por consequência, no supermercados o peito de frango congelado sem osso, por exemplo, que já chegou a custar cerca de R$ 11 o quilo, agora sai por R$ 14. No caso dos suínos, a bandeja do bife de lombo, por exemplo, foi de R$ 10,50 para cerca de R$ 14. Apesar disso, a alta nos preços não deve ser tão grande quanto a carne bovina.
“A carne suína e o frango tem tido uma reação muito menor que a carne bovina. A carne de boi teve um aumento de 35% em novembro com relação a outubro, a suína subiu 13% e o frango 17%. Isso em nível Brasil. Ainda assim, a carne suína e o frango continuam muito mais acessíveis. Acompanha essa tendencia de alta, mas não será como a carne bovina”, afirma Handi.
PREÇO NÃO DEVE BAIXAR
Com a proximidade das festas de fim de ano, e os custos elevados na produção, os preços devem seguir altos. Para o primeiro semestre de 2020, não há qualquer estimativa de um redução nos preços como aconteceu no primeiro semestre de 2019.
Nelio Handi
diretor-executivo das Associações de Avicultores e de Suinocultores do Espírito Santo
“Não acredito que aconteça da gente voltar aos preços anteriores. Uma vez que os custos estão estabelecidos e sendo mais caro para o produtor e para a industria, vai se buscar pelo menos uma linha de manutenção dos preços. Do mesmo jeito que é praticamente impossível ver milho no mercado a R$ 40 a saca hoje, também não vai acontecer da gente ver os preços anteriores de novo no supermercado. Não vai ter recuo de preço”