Moradores lamentam o descuido com o espaço que guarda parte da história de Barra de São Francisco
O Dia de Finados é, tradicionalmente, um momento de memória e afeto — um dia em que famílias e amigos visitam os túmulos de quem partiu, levando flores, preces e lembranças.
Mas, para quem foi ao Cemitério de Vila Monte Sinai — conhecido popularmente como Cemitério da Vermelha —, o que deveria ser um instante de respeito e silêncio se transformou em um triste retrato de abandono.
Um cenário de descuido
A chegada já causa espanto. A trilha que serpenteia entre as catacumbas está tomada por buracos e irregularidades; não há um caminho definido.
O visitante precisa se equilibrar entre covas e túmulos, desviando de raízes que brotam do solo e partem as lápides em pedaços. Árvores crescem desordenadas, e uma delas chegou a tombar sobre um jazigo, danificando sua estrutura.
Falta de manutenção
Não há coveiro fixo no local — os serviços são prestados, eventualmente, por equipes vindas do cemitério de Barra de São Francisco.
Em pleno Dia de Finados, o cenário era desolador: mato e galhos secos espalhados dificultavam a passagem, especialmente para idosos e pessoas com mobilidade reduzida.
Voz da comunidade
Um morador local chegou a sugerir que a própria comunidade se reunisse para limpar o espaço.
A ideia revela solidariedade, mas também denuncia a omissão do poder público. O Cemitério da Vermelha é mais do que um campo santo: é o espelho de uma comunidade que se vê esquecida, até nos lugares onde repousam seus mortos.
Um chamado ao respeito
Vermelha merece mais do que improviso — merece respeito, dignidade e cuidado.
Afinal, zelar pelos que já partiram é também uma forma de honrar a história e o valor daqueles que ajudaram a construir o município de Barra de São Francisco.
🌿 Reflexão final
Entre cruzes quebradas e túmulos tomados pelo mato, há uma pergunta silenciosa ecoando no ar:
Se esquecemos os que já partiram, o que será de nossa própria memória?
Cuidar dos cemitérios é cuidar da alma de uma comunidade — é não permitir que o esquecimento sepulte também a gratidão e o respeito pelos que nos antecederam.
✍️ Por Edilson Cezar Xavier
