Após o anúncio de mais um aumento no preço dos combustíveis e do gás de cozinha, alguns empresários capixabas estão readequando os serviços para não repassar o reajuste para os clientes.
A empresa do Helder de Almeida não tem nada a ver com combustível, mas depende dele para conseguir chegar aos clientes e prestar o serviço.
“Gasolina pra gente é primordial. Trabalhamos todos de carros ou motos. Em fevereiro tivemos um gasto aproximado de R$ 9.8 mil/mês de combustível e hoje já estamos na casa dos R$ 12 mil”.
Para não repassar todo o reajuste para os clientes, o empresário precisou fazer algumas adaptações.
“Primeiro atualizamos a frota com carros mais novos e econômicos. Estamos evitando pegar contratos fora da Grande Vitória devido aos custos”.
O último reajuste de 6% da gasolina, anunciado pela Petrobras na segunda-feira (05), corresponde a R$ 0,16 do litro nas refinarias. O número pode parecer pouco, mas para quem utiliza o combustível para trabalhar o valor faz uma grande diferença na conta do fim do mês.
Alexandre Loureiro Fernandes vende bobinas de papel a empresas e, para ele, o reajuste faz muita diferença.
“Gasto entre R$ 500 e R$ 700 por mês. E agora deve subir 6.3%, então acaba sendo muito ruim porque meu produto não sobe esse percentual. Se eu fazia três viagens por mês, agora farei uma”.
O gás de cozinha também está mais caro. “Infelizmente, com esses aumentos que já são vários neste ano as nossas contas já não estão batendo mais e isso está afetando a nossa empresa. As nossas despesas estão aumentando e não vejo uma outra solução a não ser passar esse valor para o nosso cliente”, disse o comerciante Endlis Luiz Nazareth Ferreira.
O reajuste foi de 6%. Em 2021, os derivados do petróleo acumulam uma alta ainda mais expressiva. Com o novo reajuste, a alta acumulada da gasolina chega a 46% em 2021. Enquanto o diesel já subiu 39%. Outro item básico, o gás de cozinha, acumula 38% de aumento.
“Esses reajustes dos preços de combustíveis feitos pela Petrobras acontecem sobretudo por conta da valorização do barril do petróleo no mercado internacional. Do início do ano até agora esse produto teve uma alta de cerca de 45%”, disse o economista Eduardo Araújo.
E não precisa ter carro e nem cozinhar muito para sentir o aumento. É que direta ou indiretamente precisamos de serviços em que o gás e o combustível são utilizados. E é muito difícil sair “ileso” do reajuste.
“O gás de cozinha tem um impacto significativo no orçamento das famílias mais pobres. A aceleração do preço do combustível acaba sendo repassado para a maior parte dos produtos em razão dos custos de distribuição e os consumidores acabam não tendo muito para onde fugir”, pontuou Araújo.