O dia da consciência negra é uma data comemorativa que celebra a cultura, a história e a resistência dos afro-brasileiros. Essa data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, um dos principais líderes do Quilombo dos Palmares, que lutou contra a escravidão no Brasil colonial.
O Quilombo dos Palmares foi uma comunidade formada por escravos fugidos, indígenas e brancos pobres, que se localizava entre os estados de Alagoas e Pernambuco. O quilombo chegou a ter cerca de 30 mil habitantes e durou mais de um século, resistindo a vários ataques das tropas coloniais.
Zumbi nasceu no quilombo, mas foi capturado e educado por um padre, que lhe ensinou português e latim. Mais tarde, ele retornou ao quilombo e se tornou um dos seus líderes militares. Em 1694, o quilombo foi destruído pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, mas Zumbi conseguiu escapar. No ano seguinte, ele foi traído por um de seus companheiros e morto pelos soldados portugueses, que cortaram sua cabeça e a expuseram em Recife.
A figura de Zumbi se tornou um símbolo da luta e da resistência dos negros escravizados no Brasil, bem como da busca por direitos e igualdade dos afro-brasileiros. Em 1978, o Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial, formado por estudantes negros, propôs a criação de um dia para celebrar a consciência negra, tendo como referência o dia da morte de Zumbi. Em 2003, o governo Lula instituiu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas e incluiu o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário escolar. O governo Dilma, em 2011, oficializou a data como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, por meio da Lei nº 12.519145.
O dia da consciência negra é uma oportunidade para refletir sobre os efeitos do racismo e da discriminação na sociedade brasileira, que ainda apresenta grandes desigualdades sociais e econômicas entre brancos e negros. Segundo o IBGE, em 2020, os negros representavam 56,2% da população brasileira, mas também eram 75,2% dos pobres e 66,7% dos desempregados. Além disso, os negros sofrem mais com a violência, a falta de acesso à saúde, à educação e à cultura.
O dia da consciência negra também é uma forma de valorizar e reconhecer a contribuição dos afro-brasileiros para a formação da cultura, da identidade e da diversidade do Brasil. A música, a dança, a religião, a culinária, a arte, a literatura, o esporte, entre outras manifestações culturais, são fortemente influenciadas pela herança africana. Alguns exemplos são o samba, a capoeira, o candomblé, a feijoada, o carnaval, as obras de Machado de Assis, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus, entre outros.
Portanto, o dia da consciência negra é uma data importante para celebrar a cultura negra, mas também para denunciar e combater o racismo e a desigualdade que ainda persistem na sociedade brasileira. É um dia para lembrar a história de Zumbi e de tantos outros que lutaram pela liberdade e pela dignidade dos negros no Brasil, e para inspirar a luta por mais justiça, respeito e cidadania para todos.
Edilson Cezar Xavier é escritor, formado em Línguas e Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).