São 318 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Somente neste ano, já foram registrados mais de 14 mil casos da doença.
O Espírito Santo é o estado com a maior incidência da chikungunya no Brasil. Sozinho, ele concentra mais de 26% dos casos da doença no país. Os dados do Ministério da Saúde mostram que a cada 100 mil habitantes das cidades capixabas, 318 foram infectados.
Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados mais de 14 mil casos da doença no estado. No mesmo período do ano passado, foram poucos mais de 1.700 casos.
Isso significa que os casos da doença, em 2020, aumentaram sete vezes em relação a 2019. Quatro pessoas já morreram por causa da doença este ano.
Em Vitória, 7.136 pessoas já tiveram chikungunya, o que corresponde a quase 50% dos registros no estado.
De acordo com o chefe do Núcleo Especial de Vigilância Ambiental, Roberto Laperriere, isso acontece, principalmente, porque o estado não sofreu epidemias anteriores da doença, o que faz com que muitas pessoas ainda estejam suscetíveis a ela.
“Isso se dá, principalmente, pela circulação do vírus. Temos uma população suscetível ao chikungunya, porque não tivemos epidemias anteriormente. Também tivemos situações climáticas favoráveis [para a doença], com um inverno quente. Apesar de ter acontecido uma diminuição na temperatura, continuamos tendo casos. Muito menos do que no início do ano, mas ainda temos. Foram cerca de 44 notificações na última semana”, contabilizou.
Aedes
A chikungunya é uma doença causada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti, o mesmo da dengue.
Por isso, as mesmas condições que previnem a dengue são capazes de diminuir os casos de chikungunya, como: não deixar água parada, manter vasos e pratos de plantas limpos, guardar garrafas com a abertura virada para baixo e cobrir pneus e caixas d’água.
E mesmo em meio à pandemia da Covid-19, os cuidados não devem diminuir, nem por parte do poder público, nem do cidadão.
“O Estado vem realizando capacitações junto aos municípios. Com relação ao Covid, fizemos orientações aos municípios para que as visitas domiciliares [dos agentes de saúde] continuem a ser efetivas, porque a única forma de eliminar o vetor é com as visitas e o compromisso do cidadão. Se o cidadão reduzir o número de focos nas residências, também vai reduzir os números da doença”, explicou.
Dores
Entre os sintomas da chikungunya, estão a dor de cabeça, febre e fadiga. A comerciante Zilda Antônia de Aquino teve a doença em março deste ano, antes da pandemia da Covid-19, e ainda sente as dores nas articulações.
“Eu não conseguia nem sair da cama direito de tanta dor que me dava, e até hoje eu sinto essas dores”.
Já o comerciante Manoel Jorge Lopes teve uma queda no número de plaquetas no sangue. Teve que ir todos os dias ao posto de saúde para fazer a reposição.
“Eu fiquei dois dias com muita dor de cabeça e febre. Tive que fazer repouso total para voltar ao normal, senão teria que internar”, disse.
Depois de sofrerem com a doença, eles fazem de tudo para se manter longe do mosquito e evitar novos casos da doença.
“Ficamos procurando sempre dentro de casa, no comércio, se tem algum foco perdido, algum copo com água pelo chão. Para evitar que a gente pegue de novo. A doença derruba, mesmo”, contou Zilda.