Mortes como a de uma família em Santo André (SP), por um possível vazamento no aquecedor de água a gás do apartamento, são rápidas e os sintomas podem ser confundidos até mesmo com mal-estar relacionado ao estômago, alerta o cardiologista Fernando Costa.
O caso de Santo André é o mais recente desse tipo. Mas neste ano, seis pessoas de uma família de brasileiros perderam a vida por vazamento de gás no Chile. Em Campos do Jordão (SP), pai e filha morreram pelo mesmo motivo.
Fernando Costa explica que a intoxicação por gás se torna fatal em poucos minutos.
“A cada minuto que passa o ambiente fica mais tóxico. A pessoa vai ter confusão mental, letargia, ânsia de vômito, dor de cabeça. Ela não vai ter noção do que está acontecendo. A maioria dessas pessoas deve ter pensado que estava com algum distúrbio digestivo”.
A causa da morte é envenenamento por monóxido de carbono, gás que é produzido a partir da queima de combustíveis, como carvão, madeira, álcool e pode se acumular em aquecedores de água a gás quando há problemas de ventilação.
Por entrar pela via respiratória, o monóxido de carbono chega rapidamente à corrente sanguínea.
Uma vez no sangue, liga-se à hemoglobina, proteína responsável por transportar oxigênio a todo o corpo, e retira as moléculas de oxigênio.
“A morte é por falta de oxigenação”, observa o cardiologista.
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O médico ressalta que “o gás hoje tem uma sensação de percepção olfativa muito diferente”.
“Quando você está em um ambiente com gás ligado, muitas vezes você não percebe o cheiro. Sem contar que muitas pessoas têm problemas crônicos, como rinites, que alteram o olfato e fica mais difícil perceber o cheiro de gás.”
Ele frisa a importância de existirem componentes no gás canalizado que permitam à população sentir quando há algum tipo de vazamento.
No caso do gás de botijão, o GLP, que também é inodoro, é adicionado durante a produção um componente da família do enxofre chamado mercaptana, justamente para que seja possível perceber se há um vazamento.
Atualmente, existem aparelhos no mercado para detectar a presença de monóxido de carbono em ambientes fechados.
Outra prática perigosa é o uso de aquecedores improvisados. Um casal e a filha deles morreram na semana passada em Guarulhos (SP), após acenderem uma churrasqueira dentro do quarto.
A queima de qualquer substância e material em locais fechados tem praticamente o mesmo efeito que o vazamento de gás — um carro ligado na garagem pode ser perigoso também. O oxigênio é rapidamente consumido e as pessoas passam a respirar monóxido de carbono, que é letal.