Tudo aconteceu em Ecoporanga, cidade capixaba que faz divisa com Água Doce do Norte. Eu estava seguindo em uma viagem de trabalho rumo a capital Vitória, quando fui informado por celular que uma criança de apenas 2 meses havia sido brutalmente assassinada em uma propriedade da Zona Rural de Ecoporanga.
Como eu estava dirigindo pedir que meu colega explicasse de forma resumida através de um áudio via Whatsapp, parei o veículo e comecei a ouvir que um bebê havia sido encontrado pelo próprio pai, enforcado e pendurado por uma corda já em estado de óbito, e a mãe da criança estava ao lado com as mãos e os braços amarrados.
Confesso que só pensei no sofrimento dessa mãe ao ver uma cena tão cruel até então praticada por um criminoso qualquer, pois essa era a versão utilizada pela mulher que se mostrava inconformada com a morte do filho.
O tempo passou, minha esposa replicou a matéria no Portal ADN, que havia sido redigida pelo colega Junior Sapos, do site AgitaEco de Ecoporanga, a quem temos imenso respeito e admiração, e ao término da tarde recebi uma nova notícia dizendo que a própria mãe da criança havia confessado o crime hediondo praticado por ela mesma, e que todas as evidências descritas anteriormente haviam sido plantadas pela própria autora do crime, no intuito de descaracterizar a cena.
Imediatamente o que se viu foram diversas criticas em relação a essa mãe, que foi sucintamente chamada de todos os adjetivos ligados a diversos monstros, houve quem desejasse prisão perpétua ou até mesmo sua morte, enfim, a mulher foi brutalmente crucificada e jogada aos leões.
Confesso que meu sentimento um dia já foi parecido, afinal infelizmente este não é o primeiro caso de assassinato à recém nascido ocorrido em nossa região, pois “vira e mexe” algo do tipo é noticiado em cidades vizinhas com o mesmo grau de crueldade.
Acontece que hoje sou pai de uma menina linda de apenas 10 meses, e nela eu consigo enxergar um amor antes nunca visto ou sentido, e ao olhar para minha esposa consigo ver o mesmo amor ou até maior, e sinceramente, não consigo imaginar que uma pessoa em estado sóbrio de saúde tenha condições de realizar tal crueldade.
Eu particularmente nunca tive e nem gostaria de ter uma doença chamada de DEPRESSÃO, mas acredito que isso não é frescura, não é algo fácil de tratar, e muito menos de se conversar, pois infelizmente as pessoas de hoje em dia, não se preocupam mais em ouvir e ajudar ao próximo, afinal o tempo é sempre corrido, e os interesses pessoais prevalecem sempre, afinal o seu problema sempre parece ser maior do que o do outro, quando na verdade esquecemos de olhar pra traz e ver o quanto de pessoas gostariam de está em nosso lugar, haverá sempre alguém mais necessitado que a gente, e ninguém é tão inútil que não possa confortar o irmão mais próximo.
Essa mulher sofrerá pelo resto de sua vida uma dor e uma pena que juiz nenhum poderá condena-la, pois eu creio e tenho plena convicção que ela não é uma criminosa como tantas por ai, pois nem mesmo um bandido que se preze teria a coragem de matar uma criança de apenas 2 meses, muito menos se essa criança fosse fruto do seu ventre, ela é sim a culpada pelo fato ocorrido, mas não creio que esteja recebendo o tratamento adequado se pensarmos como seres humanos falhos e sujeitos a inúmeras doenças e situações inesperadas.
Para quem sofre de depressão sabe o tanto que isso prejudica as atividades do dia-a-dia, vozes obscuras provocam o tempo inteiro para que atrocidades como essa que ocorreu em Ecoporanga aconteçam diariamente, e infelizmente as pessoas se sentem reprimidas ao invés de procurar ajuda, já imaginou você ouvindo vozes o tempo inteiro dizendo, “mata sua filha, envenena ela, enforca ela, você precisa fazer isso, anda, faça logo, estou esperando”. Seria frescura de sua parte compartilhar isso com alguém?
Gente, quero deixar bem claro, não conheço essa mulher, não sei se ela estava de fato doente, se teve algum tipo de depressão mesmo, seja pós parto ou no cotidiano, não sei quem é o marido dela, como eles viviam, como já disse, eu sou pai e imagino o sofrimento que este rapaz deve está enfrentando, afinal ele perdeu certamente o bem mais precioso de sua vida, e talvez nunca terá coragem de perdoar sua esposa, mas alguns tipos de julgamentos premeditados, eu realmente não me sinto capaz de fazer.
Sinceramente, não consigo crucificar essa mulher, pois o sofrimento dela será pra vida inteira, se continuar detida como criminosa, certamente sofrerá com as colegas de cela, mas se for inocentada por algum laudo médico, ela viverá eternamente na escuridão por tudo que aconteceu, ou terá que fazer um tratamento intensivo pelo resto de sua vida.
Não sou o mais indicado dos cristãos para dizer isso, mas meu coração pede para que oremos para essa família, vamos deixar o julgamento final para quem realmente conhece todos os detalhes do fato ocorrido, esse bebê com certeza está em um lugar muito melhor que o nosso, mas essa família acaba de ser destruída, e nada me tira da cabeça que isso partiu de um espírito maligno que agiu por falta de amor ao próximo, portanto vamos orar e pedir a Deus que dê forças para este pai que acabou de perder seu filho, que precisará tocar sua vida em diante, aos avós, tios, enfim, a todos que ficaram neste mundo, mas não vamos esquecer de orar para essa mãe que certamente viverá até o último dia de sua vida com esse peso incarregável em sua consciência.
Eu finalizo este texto dizendo que este espaço dos colunistas é justamente para isso, para que opiniões sejam expressadas de forma individual, não escrevi em nome do Portal ADN, mas sim de um homem, pai da Mayla e marido da Carla, que sofreu junto com essa família quando ficou sabendo do fato ocorrido, pois quem tem filho sabe o que estou dizendo, é muito triste presenciar situações como essa, mas com fé em Deus esse casal continuará com suas vidas, seja juntos ou separados, mas com a presença de Deus em seus corações para que não cometam outra loucura com suas própria vidas.
Rodolpho Vinicius da Rocha
Proprietário e colunista do site Portal ADN