Uma criança, dos tempos atuais, tem mais conhecimento que os Faraós do Antigo Egito. Num mundo cada vez mais globalizado onde as informações circulam a milésimos de segundos em toda a rede tecnológica e qualquer assunto está ao alcance de um clique, esperava-se que o ser humano fosse mais culto e sociável, no entanto, não é isso que acontece.
Mesmo com tantas informações, grande parte da juventude não sabe o que fazer com ela e caminham a passos largos para o precipício cultural e, sem saber administrar tanta informação, encontram à cultura do inútil. Tudo isso é em nome duma liberdade de escolha onde o limite, em muitos casos, é não ter limites e numa caminhada virtual solitária, surge uma companhia que indesejada: a ignorância. Tantos os pais, quantos os professores não se sentem preparados para a educação do século XXI e o mundo não tem uma receita para enfrentamento dessa triste realidade. Faltam filósofos para as soluções dos descaminhos.
A escola está se esforçando para acompanhar os anseios dessa nova geração conectada, porém há um permissivismo social exagerado que atrapalha o desenvolvimento humano e cultural. Dizem que limites podem trazer prejuízos para o emocional juvenil. Ora! Quer prejuízo maior que a dedicação a uma cultura inútil?
Existem pais que nem sequer sabe o que os filhos buscam na Internet, pois, não tem tempo para um diálogo e passam a responsabilidade para a escola. Há também aqueles professores que se esforçam para agradar aos alunos, no entanto, seria melhor se agradassem menos e continuar sendo o profissional da Educação cuja missão lhe foi confiada, apesar de que este ofício seria menos árduo se compartilhado, principalmente com os pais.
Se os pais têm dificuldades em educar os filhos em casa, o professor também o tem na escola, pois, além de tentar despertar no estudante o gosto pela cultura, terá que atuar como psicólogo para desocupar algum espaço num cérebro cheio de informações inúteis. O jovem do atual momento não sabe, por exemplo, quem foi Getúlio Vargas, o que foi o AI-5 e muito menos quem foi Machado de Assis, mas saberia dizer todos os nomes de personagens de Geme of Thrones, uma série de televisão norte-americana que passa na tevê a cabo, criada por David Beniof e D. B. Weiss, baseada na série de livros, A Song of Ice and Fie de Georg R. R. Martin.
Isso sem falar no estilo de música com gosto duvidoso onde o balançar de algumas partes do corpo, de forma erótica, acompanhado de algumas palavras desconexas, substitui a métrica e a rima clássica da boa música.
Ainda não existe uma matéria ensinando a ser pai e mãe, mas deveria, pois, todo o aprendizado na nossa cultura passa pela escola, ou pelo menos deveria, com metodologia e direcionamento. Vivemos numa sociedade tão hipócrita que dançar música com conotação sexual pode, porque é coisa de jovem, entretanto, abordar a educação sexual na escola “é coisa de comunista”, portanto, proibida.
Apesar do grande volume de conteúdos culturais encontrados na Internet ao alcance de todos, falta o bom e velho direcionamento, se não pelos pais, pelos menos pelos professores, para selecioná-los como método de aprendizado. No meio de um turbilhão de informações, saber ser seletivo, pode parecer antiquado, mas é melhor ser antigo e precavido do que ser moderno e inculto.
Edilson Xavier é escritor, formado em Línguas e Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).