Quem é católico cresce sabendo que todo ano tem um período para buscar mudança de vida através do jejum, oração e a prática da caridade. Este momento é chamado de Quaresma. O fiel é convidado, através das leituras bíblicas, a seguir os passos de Jesus em direção a Jerusalém para sofrer a morte e vencê-la com a ressurreição.
Este é um dos períodos mais ricos da Liturgia da Igreja, pois, conduz o fiel a uma profunda espiritualidade mediada pela Palavra de Deus nas celebrações. A Quaresma é um período de quarenta dias de preparação para a Páscoa da Ressurreição de Jesus, mas, para chegar ao Domingo de Páscoa, é preciso passar pela Semana Santa.
A Semana Santa começa depois do Domingo de Ramos, dia em que se revive a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, sendo aclamado rei, entretanto, na sequência, Ele será entregue aos seus algozes para cumprir à vontade do Pai Celeste de recuperar a humanidade decaída pelo pecado dos nossos primeiros pais, no Éden.
Depois dessa comemoração, que geralmente é feita uma grande procissão, tendo o encerramento com uma missa, os fiéis são convidados a retornarem para suas casas para um recolhimento maior e vivenciarem os passos de Jesus rumo ao Calvário.
Na Semana Santa, foram agregados vários costumes, como evitar carne vermelha, buscar o silêncio, perseverar à oração, o jejum e à caridade. Já na quinta-feira é celebrada o lava-pés. Esta celebração, mostra a humildade de Jesus, que se abaixa para lavar os pés dos discípulos, inclusive o de Judas, que iria traí-Lo. Nesta celebração é comemorada a Instituição da Eucaristia, ou seja, Jesus se faz presente num pedaço de pão, representando o seu corpo, e no vinho, representado como o sangue derramado pelos nossos pecados para continuar em presença real junto aos seus. Esse legado fica para que os futuros sacerdotes, repetisse o seu gesto. É isso que o padre faz na consagração da Eucaristia.
Na Sexta-feira Santa é o dia de silêncio e jejum, o fiel retorna à igreja às 15h para a celebração da Morte de Cristo. No final da celebração, o altar é despido porque Jesus está morto, sendo assim, todos retornam às suas casas, em silêncio. Já no sábado, é chamado de Sábado de Aleluia, onde o cristão católico celebra em preparação para o Domingo da Ressurreição. Também é chamado da celebração do fogo. Isso porque é feita uma fogueira, geralmente no lado externo da igreja, para acender um Círio Pascal novo que será usado para os quarenta dias de comemoração da Páscoa e para as celebrações de batismo ao longo do ano.
Enfim é chegado o grande momento da vitória da vida sobre a morte, pois, Cristo ressuscitará para cumprir o grande projeto do Criador que é salvar toda a humanidade em Cristo Jesus. Os sinos são tocados, o, glória é cantado e na alma do cristão é renovada, mais uma vez, a esperança da salvação no Filho de Deus.
Sem estas celebrações, o fiel católico, se sente um tanto órfão, sem direção e orientação, pois, o ano Litúrgico o conduz pela mão para vivenciar estas práticas, mas os sacerdotes são zelosos com o seu rebanho. Em tempos de comunicação via Internet, ninguém precisará sentir na alma este vazio, claro que todos gostariam de participar ativamente destas práticas ensinadas pela Igreja, no entanto, como pessoas de fé, é momento de usar dessa prerrogativa para acreditar que no próximo ano, tudo isso terá passado. Sendo assim, todos poderão externalizar a fé e seguir adiante, sabendo que se Deus permitiu esta situação de pandemia dois anos consecutivos, é porque Ele sabe o que está fazendo, portanto, voltemo-nos pra Ele e que a sua vontade seja feita!
Edilson Xavier é escritor e formado em Letras pela Universidade Federal do Espirito Santo (UFES).