Comorbidade é um termo utilizado quando duas ou mais condições médicas são encontradas juntas.
Entre os problemas mais comuns que podem se manifestar em uma pessoa autista estão: transtornos de ansiedade, epilepsia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e o transtorno desafiador de oposição (TOD), transtornos alimentares , distúrbios gastrointestinais, distúrbios do sono.
Quando essas comorbidades aparecem no autismo, é um desafio extra para a família.
Seguindo nosso propósito de apresentar informações e opiniões sobre a situação da família e da pessoa com TEA e as questões de saúde.
O tema sobre comorbidades é um desafio extra mesmo, junta-se a uma imensidão de demandas, algumas situações que começam a despertar um sinal de alerta. Com nossa filha, o quadro de autismo veio acompanhado de comorbidades desde o diagnóstico.
A primeira comorbidade que nos alertou foi a puberdade precoce que exigiu um acompanhamento clínico e medicamentoso.
Após uma palestra sobre autismo e as comorbidades, ouvimos um médico falar sobre o sofrimento de uma pessoa nas crises de ansiedade. Lembrei como minha filha, apresentava momentos de extremo stress, que variava muito de local e estimulação apresentada. As crises eram de sudorese e ânsia de vômito.
A situação foi apresentada a situação ao médico, pois era um espaço de diálogo entre famílias e profissionais. Sua resposta foi que ela, provavelmente, estava sofrendo muito.
Relatei como estava se dando o processo, com qual frequência, em que ambientes e situações as crises ocorriam. As crises eram bem profundas e quando surgiam tínhamos que providenciar a mudança do ambiente e dos estímulos a que ela estava inserida rapidamente.
O estímulo que desencadeava o evento poderia ser uma música, um desenho, uma fala ou expressão que ela entendesse errado, por várias ocasiões tivemos que sair do lugar onde estávamos e levá-la para casa, pois ela não conseguia se organizar naquele ambiente aversivo, era necessário um cuidado muito grande.
Após um tempo conseguimos fazer a consulta com um profissional que fez uma avaliação e receitou medicação para o controle das crises, e realmente a qualidade de vida dela melhorou muito com o uso da medicação. Para nós foi necessário romper com o medo do uso de medicação, até o momento nós estávamos com uma abordagem terapêutica para acompanhar no controle de algumas características do autismo.
Dentro das complicações e comorbidades o que mais nos assustou e, ainda nos assusta é o quadro de epilepsia. A experiência com a crise foi algo que me assustou muito, foi uma questão muito difícil de lidar.
A primeira crise com sinais visíveis veio forte, no entanto ao relembrar situações anteriores de desmaios e quadros de tonturas, onde foram atribuídas diversas causas, foram sendo consideradas como que sinais de alerta para a crise e também a epilepsia de ausência que pode acontecer durante o sono e que pode ser percebida no outro dia como uma sonolência e/ou uma simples noite mal dormida.
O primeiro passo a ser dando enfrentamento da situação é a aceitação de que algo precisa ser feito, como Maria Paula fazia acompanhamento nós fomos orientados a fazer um eletroencefalograma e acompanhar o desenvolvimento da atividade cerebral, o exame permitiu saber a origem das crises e o comprometimento que as crises haviam provocado.
A atenção com a pessoa passa a ser dobrado, acredito que esse fato foi o que mais nos deixou assustados ou frustrados, pois o processo de fortalecimento de autonomia e responsabilização da Maria Paula estava indo muito bem, com a crise tivemos que voltar alguns passos, manter o monitoramento e deixar ela caminhar em seu processo de aquisição da autonomia.
Os fatos mencionados acima não aconteceram de maneira separada como a narrativa sugere, foram acontecimentos e situações que se deram simultaneamente com uma carga emocional muito grande, com várias dúvidas e a necessidade de aumento no cuidado e atenção dispensado a minha pequena.
Para o próximo artigo continuaremos com o tema.
https://institutoneurosaber.com.br/quais-sao-as-principais-comorbidades-do-autismo/