InícioBRASILPor Mair Gomes: Autismo missão de vida e luta.

Por Mair Gomes: Autismo missão de vida e luta.

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O primeiro grupo social que pertencemos é a família, nela é que são construídos os primeiros conceitos sobre o mundo, as pessoas, a vida. Na família a pessoa encontra, ou deveria encontrar, espaço e condições para seu crescimento físico e emocional.

Somos condicionados, desde o início da vida a necessidade do outro. A mediação para a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades essenciais são necessárias para a sobrevivência e a atuação autônoma no mundo. Muitos são os autores que colaboram nesse processo.

A escola é o segundo grupo social o qual pertencemos, é uma instituição que atende a demanda da formação do sujeito de maneira formal, sistematizada e intencional. Na escola as famílias buscam por apoio pedagógico, metodológico e prático para a consolidação do conhecimento necessário para o pleno desenvolvimento das crianças jovens e adultos.

Sendo assim a escola é exigida na fase de formação do sujeito e deve ser um local de construção de conceitos, valores e práticas de inclusão e respeito às diferenças, dando ao indivíduo condições de agir e pensar criticamente.

A missão, vocação e valores de uma instituição são pensados para definir a ação da escola no mundo como instituição de ensino, e deve ser considerada também na relação com a família. Ao sair do grupo social restrito da família para a escola, a criança carrega alguns conhecimentos prévios que devem ser considerados no processo de ensino.

A relação família e escola nem sempre se dá de maneira harmônica. Uma das queixas mais  constantes das escolas é a ausência das famílias durante todo o processo educacional, e com relações às famílias surge a alegação de que a escola só busca pela família quando ocorrem casos de indisciplina.

A situação apresentada acima quanto à relação das famílias com a escola e da escola para com a família se dá com alunos típicos e atípicos, os resultados podem ser danosos de igual gravidade também. A relação das famílias de pessoas com deficiência pode ser de superproteção ou abandono. O comportamento depende muito da dinâmica familiar, da estrutura de apoio que a criança possui e quais são os envolvidos nas ações com a criança.

Muitas famílias apresentam as necessidades dos filhos ao realizar a matrícula e deixam de procurar por mais recursos, outras vezes, são orientados para a buscarem acompanhamento especializado e demoram a procurar ou retornar à escola. Ocorre também que algumas famílias não prosseguem com o tratamento após receberem o “laudo”, julgam suficiente e deixam de se dedicar na busca por terapias e estímulos necessários ao desenvolvimento da pessoa.

O capacitismo é um fardo que as pessoas com deficiência carregam, seja ele imposto pela própria família que deixa de buscar os meios de desenvolver a pessoa, ou pela sociedade que estabelece dentre suas regras sociais, certas convenções as quais a pessoa é classificada como apta ou inapta no exercício de alguma atividade. 

Um bom exemplo do capacitismo é vermos como que as conquistas de pessoas com deficiência nos chocam, nos assustam e nos surpreendem. Não, não podemos pensar assim, pois se assim considerarmos damos à pessoa com deficiência a obrigação de exercer a “superação”.

O termo superação pode ser considerado belo, no entanto quando uma pessoa precisa utilizar todas suas forças e aprendizado para superar algo que para os demais membros da sociedade é algo alcançável com facilidade, significa que a sociedade está necessitando “superar” suas barreiras.

No desenvolvimento da pessoa é necessário que a instituição familiar e escolar sejam parceira para definir estratégias de ensino capazes de atender às necessidades de cada indivíduo. Cabe ao poder público pensar e implementar as políticas públicas de atendimento interdisciplinar  na escola, só assim a pessoa poderá ter condições de se preparar efetivamente para o exercício de sua cidadania.

São muitos os desafios que as famílias e as escolas encontram no processo de inclusão, mas se cada setor estiver apoiado e amparado com condições de atendimento às exigências de cada particularidade e individualidade teremos condições de contribuir para a inclusão e o respeito à diferença.  Logo a missão da família e da escola está o início do processo de construção de uma sociedade inclusiva.

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