Um adolescente de 17 anos, armado com uma faca, invadiu uma escola municipal de Vila Velha, no Espírito Santo, e fez uma aluna de 9 anos refém, por volta das 14h desta quarta-feira (30). Depois de aproximadamente 40 minutos de negociação com a Polícia Militar, o suspeito liberou a estudante e foi detido. Ninguém ficou ferido. O adolescente foi internado do Hospital Estadual de Atenção Clínica (Heac).
O caso aconteceu na Unidade Municipal de Ensino Fundamental Paulo César Vinha, em Residencial Jabaeté, na região da Grande Terra Vermelha, em Vila Velha.
O diretor da escola contou que o adolescente é um ex-aluno. Ele chegou ao prédio, subiu até o segundo andar e entrou em uma sala onde estavam 25 crianças e a professora.
Na sala de aula, ameaçou se matar e depois disse que mataria a professora. O adolescente conseguiu fazer a criança de 9 anos refém. Os outros alunos e a professora conseguiram fugir.
O aluno Matheus Marques, de 9 anos, estava na sala de aula invadida pelo adolescente. “Ele entrou lá na sala e derrubou a professora. Eu fiquei com medo. Todo mundo chorou”, lembrou o menino.
A Companhia Independente de Missões Especiais (CIMEsp) da Polícia Militar disse que foi acionada para a ocorrência às 14h15 e que, quando chegou ao local, policiais militares já estavam negociando a liberação da menina.
Depois de se entregar, o adolescente foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Antonio Bezerra de Farias pois estava sob o efeito de remédios.
Depois, ele foi encaminhado para o Hospital Estadual de Atenção Clínica (HEAC), antigo Adalto Botelho, porque estava em um surto psicótico. Já a aluna foi liberada e está acompanhada por familiares.
Ainda de acordo com a prefeitura, as aulas na escola voltam à normalidade no período noturno.
Motivação
O diretor da escola explicou que o adolescente estudou na escola no primeiro semestre deste ano, no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O ex-aluno tem déficit de atenção e tinha acompanhamento de um profissional. A mãe dele contou ao diretor que ele estava depressivo e que tinha tirado os remédios na terça-feira (29).
Aos policiais, o adolescente contou que planejou a ação e que tinha a intenção de fazer uma professora refém, pois tem lembranças ruins de uma educadora que o desencorajou a seguir o sonho de ser militar.
O estopim para que ele cometesse o ato teria sido o fato de a mãe do adolescente ter vendido o aparelho celular dele.
“Ao chegarmos, foi constatado que se tratava de um menor que, em um surto psicótico, invadiu a escola e se dirigiu a uma das salas de aula e fez uma aluna refém. Nesse tipo de ocorrência, sempre se faz necessária a equipe especializada em negociação. Ele é um menor com problemas psicológicos e teve um desentendimento com a mãe, que tirou o celular dele. Ele fez o ato para chamar atenção da da mãe”, explicou comandante do Cimesp, Major Rogério.
O militar responsável pela negociação, Cabo Leopoldino, explicou que o ex-aluno estava sob efeito de uma superdosagem do medicamente controlado que usa, o que o causou um distúrbio cognitivo.
“Ele tomou duas caixas desse medicamento controlado de uma vez. A gente teve dificuldade porque ele não mantinha o diálogo. A criança conseguiu ficar bem tranquila e, no desenrolar da situação, conseguimos fazer ele voltar a racionalidade. Ele contou a história dele e conseguimos trabalhar em cima disso. Disse que tem um carinho por criança, vontade de ajudar o próximo e tivemos êxito na negociação”, declarou.
Estudante esteve na escola mais cedo
O diretor da escola, Silverilzo de Oliveira, relatou que o adolescente esteve na escola na manhã desta quarta, horas antes do ataque, e ameaçou se matar.
O ex-aluno disse para Silverilzo e outros professores que tinha tomado vários remédios e queria morrer. Os servidores, então, conversaram com o adolescente e o convenceram a voltar para casa. Segundo o diretor, por volta das 14h, o ex-aluno retornou à escola e fez a aluna refém.
“Ele já estava em surto. Ele falou que estava internado, que tinha tomado vários remédios e foi para o PA da Glória. Depois disse que queria morrer e nós conseguimos convencer ele de que tem a vida toda pela frente. Eu liguei para a mãe dele e contei como ele estava. Ele estava transtornado”, relatou o diretor.
Pais em pânico
Assim que a notícia chegou aos pais dos alunos da unidade, vários deles foram para a porta da escola em busca de informações.
Por uma porta lateral da escola, a polícia conseguiu liberar os estudantes. De acordo com testemunhas, muitas crianças estavam assustadas e chorando.
Meu neto estuda na creche e eu vim buscar ele. Só tinha criança lá dentro. Na hora, passa mil e uma coisas na cabeça da gente”, disse a dona de casa Cleonice Santos depois de saber da notícia de que uma criança era feita refém.
A dona de casa acredita que falta segurança no controle do acesso à escola. Para ela, um carro de polícia na entrada e saída dos estudantes ajudaria a resolver o problema.
Acesso à escola
O secretário de Educação de Vila Velha, Roberto Beling, disse que a escola tem porteiro e controle de quem entra na unidade.
Mas, por causa das eleições de diretores, que acontecem em todas as escolas do município nesta quarta-feira (3), os portões estavam abertos. Isso teria facilitado o acesso do ex-aluno à sala de aula.
Fonte..tvgazeta