Todo cristão católico aprende, desde criança através do catecismo, o quarto mandamento da Igreja que consiste em: “Jejuar e abster-se de carne, quando manda a Santa Mãe Igreja”. A Igreja pede dois jejuns ao longo do ano, ambos durante à Quaresma: Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira da Paixão, já abstinência de carne, se deve praticar, além dos referidos dias, acima, também todas as sextas-feiras ao longo do ano.
Ainda que haja obediência quanto a esta prática, não raro, se encontram muitos, com dúvidas sobre o modo destas práticas, como, por exemplo: pode tomar água durante o jejum? Qual carne se pode comer? Quem pode praticar o jejum?
No Direito Canônico, não há nenhuma referência ao termo “carne vermelha”, que é vinculado, de forma errônea, pela maioria dos fiéis e até mesmo no meio clerical. Para desmistificar esse conceito, é preciso compreender quais são os alimentos que se encaixam no âmbito jurídico de “carne”.
Bovino, suíno, aves e caça, são consideradas “carne” e delas, se deve abster-se nos dias de penitências pré-estabelecidos pela Igreja. Já ovos, peixes do mar, leite e os seus derivados, não são considerados carne, portanto, podem ser consumidos em dias de jejum, durante as refeições permitidas. Isso é por um fator simples: estes alimentos são de rápida absorção e fácil digestão, ao passo que, em pouco tempo, a fome retorna. Portanto, a Igreja orienta que em vez de comer carne, que daria a sensação de saciedade por um longo período, os fiéis deverão consumir alimentos de digestão rápida para manter-se no foco, que é a renúncia.
O jejum deve ser praticado por pessoas a partir de 14 anos — mas a instrução deve começar, ainda criança — até 60 anos, desde que, tenham boa saúde. O início do jejum deve começar com a última refeição feita no dia anterior, que normalmente é o jantar. O penitente deve se colocar em oração, tomando consciência do ato e oferecer o sacrifício através de alguma intenção, como, por exemplo: a conversão dos pecadores, pela harmonia no lar, pelo fim da pandemia. No dia seguinte, o jejum, propriamente dito, deve acontecer dentro de um espírito de oração. O café-da-manhã deve ser evitado e o almoço deverá ser feito de forma moderada por volta do meio-dia. Na tarde, também não há refeição e o jantar, de encerramento do jejum, deve acontecer por volta das 18h, mediante a uma oração, para entregar este momento de espiritualidade, de forma agradável, a Cristo Jesus.
Ah! Não se esqueça de beber muita água, pois ela não quebra o jejum e preserva os órgãos vitais. Chás, leite e café sem açúcar, durante o período que seriam as demais refeições, também são permitidos. O objetivo, cristão, do jejum é participar do sofrimento de Jesus na cruz e a Igreja orienta aprofundar este mistério, nestes dias, no entanto, o cristão não precisa fazer, somente, aquilo que é obrigatório, se fosse assim, tal atitude tornaria uma grande mediocridade cristã. Sendo assim, poderá incluir outros dias para outros jejuns. Para ser bom cristão é preciso ir além daquilo que é obrigatório e praticar, de forma livre, os ensinamentos que o mestre Jesus ensinou: solidariedade e o amor fraterno.
Bom jejum a todos!
Edilson Xavier é escritor, formado em Letras e cristão católico.