Na madrugada desta quarta-feira, 19 de março, o Distrito de Rio Preto – Água Doce do Norte – ES amanheceu sob o peso de uma tragédia. Tatiane Alves Ferreira, de 43 anos, conhecida carinhosamente como Pretinha, pôs fim à própria vida após uma longa batalha contra a depressão e a ansiedade.
O cenário do adeus foi descoberto pela filha adolescente, que, ao se levantar para ir à escola, encontrou a mãe sem vida, uma imagem que ficará gravada em sua memória para sempre. Tatiane utilizou uma cadeira para alcançar a viga do telhado, onde prendeu a corda. Sua luta silenciosa já havia levado a outras tentativas, mas, desta vez, sua dor encontrou um desfecho irreversível.
O suicídio, muitas vezes, é precedido por sinais — gestos, palavras, mudanças de comportamento — que nem sempre são compreendidos. Para muitos, essas manifestações são vistas como “frescura” ou “drama”, mas, na realidade, são pedidos de socorro de alguém que enfrenta um sofrimento imensurável.
Vivemos em uma sociedade que ainda negligencia o sofrimento emocional. Se não há feridas visíveis, muitas dores são ignoradas. O luto por Tatiane nos lembra da urgência de olhar para a saúde mental com mais empatia e acolhimento. Precisamos quebrar o silêncio, combater o estigma e garantir que ninguém se sinta sozinho em meio à sua dor.
Se você ou alguém que conhece está enfrentando dificuldades, busque ajuda. O CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece apoio emocional 24 horas por dia pelo telefone 188. Falar sobre o que se sente pode ser o primeiro passo para evitar tragédias como essa.
Edilson Cezar Xavier é escritor, formado em Línguas e Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).