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Por Edilson Xavier: O que foi o Golpe de 1964 que deu origem à ditadura militar?

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A História nos aponta para uma mancha profunda na História recente do Brasil. No cenário brasileiro, no início da década de 1960, o presidente, Jânio Quadros, renunciava. João Goulart, conhecido como Jango, era o vice e assumiu o poder. A direita conservadora o considerava muito moderno e com tendências à esquerda. Num discurso inflamado, feito no Rio de Janeiro, o presidente defendeu a reforma agrária e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo, isso foi o estopim. A sociedade brasileira conservadora, representada pela elite, não gostou do tom do presidente e tratou de derrubá-lo para evitar perdas dos privilégios e tramou contra o governo que acenava para à direção das classes menos favorecida.

O presidente queria reformas de base para reduzir as desigualdades sociais brasileiras. Dentre elas estavam:

  • Reforma bancária: para ampliar crédito aos produtores.
  • Eleitoral: dar vez de voto aos analfabetos e militares de baixa patente.
  • Educação: valorizar os professores, oferecer ensino para os analfabetos e acabar com as cátedras vitalícias nas universidades.
  • Agrária: democratizar o uso das terras.

 As elites, que gozavam da detenção de todos os privilégios, se aliaram aos militares, com o apoio do governo norte-americano e armou um Golpe conta o governo brasileiro em 1964. Os registros históricos apontam para os dias 31 de março e primeiro de abril, como o marco que derrubaria o governo civil e colocava um general no poder.

Tragicamente a elite da época, consegui envolver religiosos conservadores, a imprensa, o empresariado e a direita, em geral, através da convocação, na cidade de São Paulo, para a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Conseguiram reunir cerca de 500 mil pessoas e fizeram muito barulho em repúdio às tentativas de reforma à Constituição Brasileira e a defesa dos princípios, garantias e prerrogativas democráticas. Usando o Santo Nome de Deus, conseguiram o que queriam: afastar o fantasma de divisão de direitos com a classe menos favorecida.

Os militares tomaram o poder e gostaram tanto desta posição que se mantiveram durante 21 anos, chegando até 1985, quando, de forma indireta, Tranquedo Neves foi eleito, democraticamente, presidente do Brasil, no entanto, morreu antes de comandar o país.

Através do Golpe de 1964, se instalou uma terrível ditadura militar no Brasil, deixando no caminho um grande rastro de sangue com vidas, principalmente jovens, ceifadas, através do regime, que os consideravam subversivos. As perdas de direitos foram instantâneas e todas as escolas passaram a ser vigiadas. Tantos os professores, quanto os alunos, não podiam contrariar o regime com exposição do livre pensamento, pois, no meio deles sempre haviam um olheiro do sistema para denunciá-los, caso se opusessem ao regime. Muitos deles saiam das escolas, mas nunca chegaram nas suas casas, pois, eram levados, a força, para os batalhões, torturados, mortos e ocultados.

O atual presidente da República, Sr. Jair Messias Bolsonaro, que não esconde a sua posição favorável ao regime ditatorial e Golpe de 1964, escolheu um ministro para externalizar o seu desejo de comemorar esse dia. Na sua primeira ação como ministro da Defesa, o general Walter Braga Netto, estimulou as comemorações do golpe militar de 1964, conforme o desejo do presidente, que na sua visão, “serviu para pacificar o país”.

Comemorar o Golpe de 1964 é mostrar que ainda tem gente que não aprende nunca com o passado. É dizer que a tortura valeu a pena. Aqueles que morreram eram jovens que desejavam viver, apenas, a sua juventude e encontraram, no seu caminho, militares armados com poderes para atirar e tirar a liberdade de direitos e expressão. Comemorar o golpe que levou a ditadura é comemorar a morte. Só se espera uma postura dessas de quem ou não conhece à História ou por maldade, conserva no seu coração o desejo de voltar a oprimir, calar e matar.

 A sociedade de bem repudia, veemente, a postura do Excelentíssimo Presidente da República e do general, Walter Braga Netto, ou de qualquer desavisado pela história na tentativa de tripudiar sobre o sangue de tantos filhos da pátria que morreram por um sistema pérfido e inútil para a sociedade brasileira. Aqueles que pedem comemoração da morte, em tempos de morte, deveriam se envergonhar.

Ditadura nunca mais!

Edison Xavier é escritor e formado em Línguas e Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

 

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