Hoje quero falar um pouco sobre o tempo, não quero discutir sobre o tempo cronológico, como o tempo é curto e como estamos imersos em uma correria sem fim, apenas. Quero falar da qualidade desse tempo que é cada dia mais curto.
Escolhi o quadro acima por se tratar de uma obra de arte muito apreciada pela Maria Paula, para falar de tempo e de como precisamos estar atentos as pequenas e grandes coisas na vida.
A qualidade do tempo é mais importante que a quantidade que é dispensada a cada pessoa, houve ocasiões em minha vida que o tempo custava a passar, que os dias eram rotinas de busca para fazer algo. Hoje o tempo é curto e muitas ações dispensam uma quantidade de tempo que parece que nunca é suficiente, estamos imersos em uma realidade bem diferente.
Mas o tempo que temos pode ser bem aproveitado, o importante é garantir a realização de ações que possam fortalecer os laços com atitudes significativas.
Qual a razão do tema sobre a quantidade e a qualidade do tempo?
Para as famílias atípicas essa relação com o tempo parece ser ainda mais conflituosa. Temos uma demanda de atendimento às necessidades de nossos filhos, que não se resumem aos primeiros anos de vida, algumas famílias carregam com eles a necessidade de manter os cuidados básicos de higiene e alimentação por toda a vida, temos a necessidade de buscar alternativas para estimular sempre, em todas as situações, temos que ter um olhar diferenciado para perceber detalhes em momentos e ocasiões que não podem ser negligenciadas.
Enfim o tempo nos escapam pelas mãos, assim as famílias atípicas acabam por experimentar um estresse muito grande que pode comprometer sua qualidade de vida, a saúde física e emocional.
As famílias precisam ser cuidadas, mas o discurso de uma mãe super forte e de uma família que supera todas as dificuldades e barreiras, acaba por afastar possíveis parceiros nas demandas e ações que possam minimizar o estresse. Os serviços de atendimento à pessoa com deficiência, em algumas ocasiões, não considera a necessidade que uma família tem de obter ajuda e orientação para lidar com algumas situações atípicas.
Não se engane, por trás de uma família que apresenta fortaleza, conhecimento e disposição, existe muita luta e sofrimento, ocasiões de incertezas, noites de choro, cansaço emocional e físico. A intenção do texto não é desmerecer a luta das famílias e nem passar uma ideia de vitimização, é dizer que estamos aqui, que as famílias, em especial a mãe, que em alguns casos está sozinha nesta joornada, precisa e agradece as ocasiões de ajuda que possam surgir.
Os serviços de atendimento à pessoa com deficiência precisam saber que uma hora que alguém se coloca como suporte, uma hora que alguém consiga estabelecer relação de confiança e amor com nossos filhos que seja capaz de nos tranquilizar quanto ao cuidado, que qualquer ajuda e contribuição é muito significativa para a família.
Também apresento às famílias a necessidade de aceitarmos nossas fraquezas e admitirmos que não podemos tudo e que precisamos de ajuda. Não é fácil. A sociedade cobra muito, mas sabemos que nós só podemos cuidar se formos cuidados. A intenção do texto é apresentar a situação e socializar com todas as famílias que as demandas que nos absorvem precisam se tronar mais leves e que todos que estão ao redor podem colaborar para isso.
Espero que às famílas possam ter cada dia mais seus direitos respeitados para que a luta seja menos árdua.