Ao longo da história humana, a figura masculina foi mistificada e exaltada, na maioria das culturas, como sendo o centro das atenções. Isto fez com que a mulher se tornasse um ser secundário, mesmo sabendo que ela é quem tem o dom de gerar vidas, inclusive a dos homens.
Essa forma de pensar acabou colocando as mulheres num patamar inferior trazendo consequências gravíssimas para as sociedades, como totalidade. A começar pela autoridade patriarcal dentro de casa. Na sequência, o homem pensou que a mulher era um objeto, assim como aqueles que estavam pendurados nas paredes da sala da sua casa para servir de enfeites e exibição para os convidados.
A partir daí, houve um grande empenho social para que a mulher permanecesse intocável, mas ao alcance dos olhos do seu pai, marido ou senhor, não para protegê-la, mas para que ela pudesse ficar ali, inerte, submissa e dominada.
Como toda rotina se torna cansativa, desde o momento em que algumas poucas mulheres passaram a aprender a ler, os seus pensamentos tornaram-se livres, portanto, era um universo cheio de aventuras proibidas e de grandes desafios aos quais as chamavam para um mundo, até então, desconhecido para elas.
Então a mulher quis ir além daquele mundo limitado feito especialmente para ela, mas com o domínio dos homens que teriam poder sobre as suas vidas. Dessa forma, quiseram conquistar os seus próprios desejos e o primeiro dentre eles foi, o de buscar a independência financeira através do trabalho remunerado. Os homens percebendo que essa atitude a deixaria fora dos seus domínios, quiseram impedir, ou com proibição, ou com oferta de baixos salários para desestimulá-las a ir para o mercado.
Muitas injustiças foram cometidas com estas guerreiras, a começar pelos próprios maridos que permitiam que elas fossem trabalhar, mas se apossavam dos seus salários. Elas ainda eram submetiam a jornadas duplas diárias, ou seja, além de trabalhar fora, tinha que dar conta, do marido, da alimentação e de toda organização da casa, enquanto o marido chegava mais cedo e esperava a sua “companheira” para executar tarefas que ele mesmo, poderia fazer.
O marco que chamaria a atenção para situação das mulheres, aconteceu no dia 25de março de 1911 numa fábrica de camisas em Nova York. As operárias fizeram uma parada, reivindicando melhores condições de trabalho e uma jornada menor — elas trabalhavam 14 diárias e recebiam entre 6 e 10 dólares por semana —. Um incêndio aconteceu, não se sabe se foi acidente ou intencional, mas o fato foi que as portar foram lacradas evitando que elas saíssem de dentro da fábrica e como consequência, 129 operárias morreram lutando por melhores condições de trabalho.
A partir da divulgação deste fato tornou a causas das mulheres visíveis, pois descobriu que outros movimentos já se articulavam mundo afora. Outro marco de grande relevância para esta causa foi a manifestação das russas ocorrida no dia 8 de março de 1917, onde cerca de 90 mil operárias, percorreram as ruas de Moscou reivindicando melhores condições de vida e denunciando as ações do Czar Nicolau II (Soberano da Rússia). Este evento deu origem à data que ficou conhecida como “Pão e paz”, referindo-se à fome trazida pela Primeira Grande Guerra Mundial (1914–1918).
As partir destes movimentos, a Organização das Nações Unidas reconheceu a importância da luta das mulheres e escolheu o dia 8 de março para celebrar o Dia Mundial da Mulher para comemorar as conquistas e tomar consciência dos desafios que ainda terão que lutar.
Ainda há um longo caminho a percorrer, mas a base para a construção de uma mundo melhor para as mulheres já foi alicerçada. O pensamento de posse, ainda continua em muitos homens, por uma questão cultural, mas a estes, haverá cada vez menos espaços para eles na sociedade e estão enfadados à solidão e ao fracasso.
Feliz Dia da Mulher!
Edilson Xavier é escritor e formado em Línguas e Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
