Nesta segunda-feira (26), Casagrande deve encaminhar um ofício ao Butantan para solicitar oficialmente a reserva das doses da Butanvac.
Após uma visita ao parque fabril do Instituto Butantan, em São Paulo, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, afirmou que vai solicitar, oficialmente, a reserva de 4 milhões de doses da Butanvac. A vacina brasileira contra a covid-19 é desenvolvida pelo Butantan em parceria com um consórcio internacional. A previsão é de que ela esteja disponível a partir de setembro.
Nesta segunda-feira (26), Casagrande deve encaminhar um ofício ao instituto para solicitar oficialmente a reserva das doses da Butanvac, quando ela estiver pronta. Por enquanto, o imunizante está em fase de testes. No mesmo dia da visita do governador capixaba, o Instituto Butantan pediu autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os estudos clínicos de fase 1 e 2 da Butanvac.
Previsão
Em março, o Butantan já havia encaminhado um dossiê com o desenvolvimento clínico do imunizante à agência. Questionado sobre a demora para o início dos testes clínicos, que estavam previstos para iniciar em abril, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, falou que o desenvolvimento do imunizante está seguindo o ritmo esperado.
Tecnologia
A Butanvac tem uma tecnologia já empregada amplamente pelo Instituto Butantan, que utiliza o vírus inativado de uma gripe aviária, chamada doença de Newcastle, como vetor para transportar para o corpo do paciente a proteína S (de spike, espícula) integral do SARS-CoV-2.
A técnica usada é a mesma empregada na produção da vacina da gripe, que já é feita no Butantan. A vacina é produzida em ovos de galinha e o País não dependerá de insumos importados para a sua produção. Dentre as vantagens dessa tecnologia, Dimas Covas destacou o baixo preço e a segurança. O diretor do Butantan disse que nenhuma outra vacina contra a covid-19 utiliza essa técnica. O lote piloto, que será usado nos ensaios clínicos, já está pronto.
Testes
A autorização solicitada é para os estudos de fase 1 e 2. Neles, os pesquisadores pretendem comparar a nova vacina com as outras já existentes para testar sua eficiência. A fase inicial vai testar a segurança da vacina, ou seja, os possíveis efeitos adversos relacionados à ela. A segunda etapa vai verificar a resposta imunológica gerada pela vacina (imunogenicidade).
A fase de estudos está prevista para durar 20 semanas. Covas projeta que a partir da 16ª semana, em setembro, os primeiros resultados dos testes devem ser divulgados e o instituto vai poder pedir o uso emergencial do imunizante. Até julho, o instituto pretende fabricar 40 milhões de doses da vacina. Elas vão depender da autorização da Anvisa para serem aplicadas.
Na fase 3, que vai estipular a eficácia da nova fórmula, até 9 mil pessoas irão participar. A Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, nos quais são avaliados em animais efeitos positivos e toxicidade. O imunizante também será testado nos dois outros países participantes do consórcio, Vietnã e Tailândia – neste último, a fase 1 já começou.
Voluntários
O diretor do Butantan disse que, quando a Anvisa aprovar o início dos testes, o Estado vai anunciar os locais onde eles serão conduzidos e também como as pessoas poderão se voluntariar. A vacina será testada em adultos que já foram vacinados contra a covid-19, em adultos que já tiveram contato com o coronavírus e em adultos que nunca foram infectados pelo vírus. Não há data definida para que isso ocorra.
Dose única
Em março, na ocasião do anúncio do desenvolvimento da vacina, Covas falou que essa é uma vacina mais imunogênica e, por isso, existe a possibilidade de ser aplicada em dose única. Fatores como quantidade de doses e o intervalo entre elas serão avaliados nos estudos clínicos. “Essa é a geração 2.0 da vacina. Nós aprendemos com as vacinas anteriores e agora sabemos o que é uma boa vacina para a covid-19. Essa já incorpora algumas dessas modificações”, disse.
Fonte: Folhavitória