Estão sendo cumpridos 13 mandados de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Federal de Colatina, nos municípios de Vila Valério (5), São Gabriel da Palha (2), Nova Venécia (1), Águia Branca (1) e Magé no RJ (4).
Agentes da Polícia Federal em parceria com servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) do Espírito Santo e Rio de Janeiro e do Instituto Chico mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizaram na manhã da última terça-feira (9) uma operação para desarticular a ação de um grupo criminoso que agia no tráfico de animais silvestres no Espírito Santo e na Baixada Fluminense.
Estão sendo cumpridos 13 mandados de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Federal de Colatina, nos municípios de Vila Valério (5), São Gabriel da Palha (2), Nova Venécia (1), Águia Branca (1) e Magé no RJ (4).
Por causa do grande número de mandados a serem cumpridos, a Polícia Federal pediu apoio de agentes federais do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
De acordo com a PF, o objetivo da operação da última terça-feira (9) é obter novos elementos probatórios para desarticular a organização criminosa dedicada à crimes contra à fauna.
As investigações começaram após uma ação fiscalizatória realizada pelo Ibama e ICMBio que resultou na prisão de pessoas que estavam de posse de oito filhotes de papagaio Chauá (espécie ameaçada de extinção) e de dois ovos da mesma espécie, capturados, provavelmente, no interior da Reserva Biológica de Sooretama ou em seu entorno.
Segundo os investigadores, desde então foram feitos levantamentos que indicaram a participação de outras oito pessoas atuantes na prática de crimes ambientais em Vila Valério, São Gabriel da Palha, Nova Venécia e Águia Branca. Para a investigação, os suspeitos predavam ninhos capturando filhotes de aves de várias espécies.
Esses caçadores, no período de nascimento de filhotes de papagaio, entre setembro e janeiro, coletam os filhotes das aves nos ninhos e os vendem a um intermediário no Espírito Santo.
Este intermediário repassa os animais para um grande comerciante de animais silvestres ilegalmente capturados na natureza, com atuação em vários estados, a partir do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia Federal, este comerciante conta com várias pessoas que o auxiliam com a guarda e transporte desses animais.
Cada filhote de papagaio é vendido para o intermediário do Espírito Santo por cerca de R$ 100,00, o intermediário os revende para o comerciante no Rio de Janeiro por R$ 150,00 e os animais são vendidos por até R$ 3.000,00 ao comprador final.
A principal espécie de papagaio traficada pelo grupo investigado é o Papagaio Chauá, mas também se verificou outras espécies, tais como a Maracanã-verdadeiro e a Maritaca.
De acordo com a Polícia Federal, qualquer animal silvestre que tenha mercado para revenda é de interesse para as pessoas investigadas. Além das aves, outros animais são comercializados pelo grupo, tais como macacos-prego – também ameaçado de extinção – coleirinhos, corrupiões, corujas e até filhotes de jacaré.
No caso dos macacos-prego, apenas os filhotes eram capturados, porque os animais adultos são muito agressivos. Para conseguir pegar os filhotes os caçadores abatiam as mães.
NOME DA OPERAÇÃO
O Habeas Corpus é uma medida judicial que tem como objetivo a proteção da liberdade de locomoção do indivíduo, quando esta se encontra ameaçada ou restringida. De acordo com a Polícia Federal, a Operação Aveas Corpus busca o mesmo, garantir que as aves e outros animais silvestres permaneçam em liberdade, em seu habitat natural e longe de ameaças.
IMPACTO AMBIENTAL
O grupo investigado existe há pelo menos 15 anos. Somente no ano de 2020 foram capturados 55 filhotes de papagaios, o que os investigados consideraram uma temporada muito fraca, pois os números eram bem superiores no passado.
Este número, ainda que possa parecer baixo, gera, ao longo do tempo, um impacto absurdo na procriação, comprometendo, de maneira significativa, a perpetuação de uma espécie que já é ameaçada da extinção. A estimativa do impacto no nascimento dos 55 papagaios capturados seria, no período de 10 anos, de 4,2 mil aves; em 15 anos, de 20 mil aves; e em 20 anos, de 86 mil aves.
CRIMES APONTADOS
Os investigados poderão responder pela prática de crimes contra à fauna, maus-tratos aos animais e associação criminosa. Por haver a prática de caça profissional, a pena poderá ser aumentada até o triplo.